A bolota, fruto de árvores como carvalho, azinheira e sobreiro, tem uma longa e rica história e uma tradição profunda, especialmente em Portugal. Desde tempos antigos, este fruto foi uma fonte vital de alimento para povos pré-históricos e, mais tarde, para várias civilizações. Vestígios arqueológicos, da Idade do Bronze, indicam que as bolotas eram torradas para consumo humano desde esta época. No período Romano, as bolotas eram usadas como sobremesa nas províncias hispânicas. Na Idade Média continuaram a ser uma fonte importante de alimento, especialmente em tempos de escassez. A bolota é rica em nutrientes, como proteínas e gorduras saudáveis e era consumida de diversas formas: crua, com mel, assada, cozida, torrada e moída para fazer farinha. Na Idade Média, o seu valor foi reconhecido não só pela alimentação humana, mas também como uma fonte crucial para a pecuária. As montanheiras, áreas de pasto de carvalhos e sobreiros, tornaram-se locais privilegiados para a criação de suínos, especialmente o porco ibérico, famoso por se alimentar de bolotas, o que resulta na carne de alta qualidade do presunto ibérico. Além do seu valor nutricional e económico, a bolota tem uma ligação cultural profunda com a área agrícola e práticas sustentáveis. As florestas de carvalho e sobreiro, chamadas de montados, são exemplos de sistemas agro-florestais que promovem a biodiversidade e a conservação do solo. Hoje, embora menos presente na dieta humana, a bolota está a recuperar o seu protagonismo, sendo utilizada na gastronomia moderna e na produção de produtos saudáveis, como farinhas e pães sem glúten, além de ser uma peça central na valorização das tradições rurais e ecológicas.
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