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O Projeto OakFood termina

Portugal é um produtor excecional de bolota devido ao seu extenso Montado, estimando-se que as árvores do género Quercus representem cerca de 36% de toda a floresta nacional. Apesar do registo histórico do consumo de bolota em todo o Mundo, e no caso português com registos contemporâneos de consumo tradicional em algumas regiões, apenas a bolota de azinheira (Quercus rotundifolia) se encontra listada como sendo um alimento autorizado para consumo humano pela European Food Safety Authority (EFSA). 


O projeto OakFood focou-se na valorização integrada da bolota enquanto matéria-prima portuguesa para o desenvolvimento de produtos de valor acrescentado, enquanto alternativas sustentáveis e de cadeia de curta, para a indústria alimentar. O consórcio, liderado pelo Food4Sustainability CoLAB (F4S), conta com a participação de 7 empresas do setor alimentar (LandraTech, Arcadia International, Equanto, Pepe Aromas, Javalimágico, AgroGrIN Tech e Purenut), e ainda com a Universidade Católica Portuguesa do Porto (CBQF-UCP), a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC) em representação do Pólo de Inovação de Viseu, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e o Centro Nacional de Competências dos Frutos Secos (CNCFS); contando ainda com o apoio nacional pela Mendes Gonçalves e cooperação transnacional pela empresa espanhola BlendHub.


Os principais resultados obtidos pelo projeto OakFood são: 


(1) desenvolvimento de uma rede nacional de produção de bolota de sobreiro, carvalho e azinheira, através da disseminação de um inquérito dirigido a todos os produtores e posterior análise de dados e divulgação da base de dados; publicação do mapa e principais resultados do inquérito na página do projeto - https://www.food4sustainability.org/pt/oakfood


(2) estudo e otimização de protocolos, incluindo a análise da escalabilidade para desbloquear a capacidade de abastecimento contínuo da indústria, e a uniformização de todas as etapas da cadeia de valor, desde a colheita ao processamento e transformação, de modo a garantir que a bolota que chega à indústria alimentar é aquela com a melhor qualidade possível. Compilação de todos os dados comparativos recolhidos pelos produtores num Guia de Apoio a Produtores, apresentado na Feira Nacional de Agricultura 2025. Em paralelo, foram otimizadas as técnicas de extração de óleo e amido de bolota e desenvolvido um desenho de base técnica que apoia quem queira iniciar ou profissionalizar negócios ligados à bolota. 


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(3) desenvolvimento de dez novos produtos alimentares inovadores com potencial de exportação, com a incorporação de ingredientes derivados de bolota para produção de farinha, granolas, pasta de barrar, tisana, sucedâneo de café, mistura de bolota torrada moída e proteína, amido, cerveja artesanal e bolachas de bolota. Estes produtos combinam um perfil nutricional interessante – com fibra, proteína, compostos bioativos e potencial antioxidante – com um forte enraizamento na dieta mediterrânica e na identidade alimentar portuguesa, permitindo aumentar o valor comercial desta matéria-prima e incentivar o seu consumo.


(4) construção de dossiers técnicos com o objetivo de obter autorização para consumo humano de bolota de sobreiro e de carvalho; este trabalho revela-se importante devido ao facto de que das centenas de espécies de bolotas referidas em publicações científicas, apenas duas espécies estão listadas no Catálogo de Novos Alimentos da União Europeia (UE): a bolota da azinheira (Quercus rotundifolia Lam) que pode ser utilizada na alimentação humana e a bolota do carvalho (Quercus robur L), que apenas pode ser utilizada em suplementos alimentares. Ao trabalhar na obtenção de autorização para consumo de bolota como a de sobreiro e a de carvalho, o OakFood promove a valorização dos setores agrícola, florestal e alimentar nos territórios abrangidos, pela associação da riqueza de recursos naturais à criação de valor económico e de emprego, valorizar e potenciar o desenvolvimento de comunidades rurais da região interior do país, incitando a coesão territorial.    


(5) criação de uma estratégia de marketing e comunicação, focada em mercados emergentes nacionais e internacionais, sustentada por uma avaliação do impacto social, económico e ambiental da cadeia de valor em construção.


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(6) comunicação e disseminação do projeto através da participação em 30 eventos, entre feiras, congressos e conferências. Organização de ações de capacitação para produtores e de sensibilização (demonstrações gastronómicas) para o público geral com o objetivo de divulgar a importância nutricional e ambiental da bolota enquanto ingrediente português. 




O OakFood chega ao fim com a certeza de que a bolota pode ser muito mais do que um subproduto esquecido no chão do montado. O projeto termina, mas deixa uma rede mais estruturada, conhecimento consolidado e novos produtos que mostram como a bolota pode contribuir para uma alimentação mais sustentável, saudável e verdadeiramente portuguesa. 


Links de interesse:

A redescoberta das bolotas para alimentação humana (2025), por Ana Oliveira e Inês Ferreira, iAlimentar 





 
 
 

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